Os sócios do Botafogo terão a oportunidade de escolher o presidente do
clube nos próximos três anos, nesta sexta-feira, entre 9h e 21h, na sede
de General Severiano. Duas chapas estarão concorrendo para administrar o
Glorioso no próximo triênio: “Trabalho e Compromisso”, de Maurício
Assumpção, e “Mais Botafogo”, de Carlos Eduardo Pereira.
Maurício Assumpção assumiu a presidência do Botafogo no início de 2009.
Dentista, sofreu algum preconceito no início de sua gestão, mas teve um
trabalho muito elogiado e até reconhecido por alguns membros que antes
eram opositores. A chapa “Compromisso e Trabalho” tem como objetivo
construir um CT para o futebol profissional e um outro no terreno de
Marechal Hermes, destinado às categorias de base.
Carlos Eduardo Pereira, por sua vez, tem uma longa história a frente do
Botafogo. Em 1993, fazia parte da diretoria do clube como
vice-presidente administrativo. Na maior conquista alvinegra, o
Campeonato Brasileiro de 1995, Carlos Eduardo era o vice geral. A chapa
“Mais Botafogo” promete a construção de um CT, na Zona Oeste ou Baixada,
onde os profissionais e as categorias de base teriam melhores condições
de trabalho.
Confira as respostas dos candidatos abaixo.
Quais são suas principais propostas para o próximo triênio?
Maurício Assumpção: Poderia falar do CT da base, do CT
do profissional, do objetivo de tornar as sedes autossustentáveis e
qualificar cada vez mais o elenco profissional mas esses projetos não
são novidade, eles já estão em andamento, precisam é ter continuidade. O
clube se fortaleceu bastante nesses últimos três anos, foram muitas
realizações e isso pode ser observado claramente por todos. Conseguimos
implantar um modelo de gestão profissional e formar uma equipe de
trabalho que pensa o clube para os próximos 20 anos. Sei que o desafio
agora será maior, vai exigir passos mais largos, mas tenho convicção de
que estamos no caminho certo.
Carlos Eduardo Pereira: Faremos uma revisão
estatutária que incluirá a redução dos poderes do Presidente, o
fortalecimento dos demais órgãos colegiados e de controle, adotaremos
práticas de governança corporativa e transparência, bem como um Código
de Ética, que norteará tanto as contratações de funcionários, como as
relações do clube com seus dirigentes e conselheiros, evitando-se
situações dúbias como as que ocorrem hoje no clube. Promoveremos a
centralização do planejamento e da gestão de todas as categorias do
futebol, inclusive dos profissionais, partindo para construção e
implantação de um único Centro de Treinamento integrado, algo que o
Botafogo aguarda há, pelo menos, nove longos anos, incluindo três da
atual gestão, sem nada de concreto tenha sido feito. A atual gestão
fala em dois CTs, mas isto importa em despesas dobradas, gastos
desnecessários e administração complexa. Adotaremos práticas
responsáveis nas finanças do clube, algo que não foi feito na atual
gestão, que levou o Botafogo ao primeiro posto dentre os mais
endividados do futebol brasileiro. Ainda assim, conquistamos apenas um
título carioca e passamos por eliminações vexatórias, como a para o
Santa Fé, na Copa Sul-Americana. Além do mais, renegociaremos os
principais contratos que foram celebrados sem ouvir os Conselhos do
clube e com graves prejuízos, destacando-se o da televisão, onde
ocupávamos a terceira faixa e numa negociação desastrosa, fomos para o
último lugar, recebendo apenas metade do que recebe o mais bem
remunerado, num autentico desastre para nossas finanças.
O que será feito no Engenhão no período?
Maurício Assumpção: Vamos fechar o ano com lucro de R$
7,5 milhões no estádio, uma receita que antes não tínhamos. Até 2009
ele dava prejuízo. É um equipamento moderno, um dos nossos maiores
ativos, que já gerou e tem capacidade enorme de proporcionar ainda mais
negócios. Mas buscamos o apoio e a experiência de empresas
especializadas para atingir esse nível e explorar as oportunidades como
propriedades publicitárias, provas de atletismo, Jogos Mundiais
Militares, shows internacionais... O desafio hoje é qualificar e
capacitar ainda mais essa gestão para o ciclo de eventos esportivos
inédito na história da cidade que temos pela frente, além de se preparar
para a concorrência também inédita que surgirá com a reabertura do
Maracanã.
Carlos Eduardo Pereira: Mudaremos o conceito de gestão
do Engenhão. O Botafogo tem todos os deveres, mas não possui os
direitos em sua plenitude. Para melhorarem as receitas, prepararam um
modelo de estádio neutro, onde as cores, os símbolos, os sócios e
torcedores do Botafogo são tratados com indiferença, como se ali não
fosse a sua casa. Ele não deve ser um estádio neutro e sim do Botafogo.
Vamos devolver o Engenhão aos botafoguenses. Nossas cores serão visíveis
e terão prioridade. Nossa equipe não mais fará como fez este ano,
quando foi enfrentar o Bahia em São Januário, perdeu dois pontos
irrecuperáveis, pagamos R$ 25 mil de aluguel, tudo isto para preservar o
gramado para um Fla-Flu, cujo aluguel nos rendeu apenas R$ 5 mil. O
Engenhão será a casa dos botafoguenses, onde todos serão bem recebidos,
mas onde nossas cores, as mesmas de nossa chapa, sempre estarão em
primeiro lugar. E jamais passaremos pelo vexame de sairmos para jogar em
outro estádio, com o mando de campo, enquanto o Engenhão é cedido aos
adversários. O Engenhão será mais uma ferramenta importante para busca
de títulos e conquistas, não só de lucro com a operação de shows e
lanchonetes.
Quais são suas ideias com relação a um Centro de Treinamento para o futebol profissional?
Maurício Assumpção: O Botafogo tem hoje a melhor
estrutura para treinamento do Rio de Janeiro, com ótimas condições em
General Severiano e no estádio, mas é claro que isso pode e deve ser
melhorado. Pensamos em investir no estádio, no espaço ao lado do campo
anexo, mas a necessidade de ter mais campos à disposição não seria
suprida. Já estamos negociando um terreno para a construção desse CT do
profissional num local que ainda não será revelado mas capaz de receber
três campos, número que consideramos suficiente. Estamos prestes a
concretizar a aquisição desse terreno e só aí divulgaremos com mais
detalhes.
Carlos Eduardo Pereira: Ele será único e integrará
todas as categorias do futebol. Em nossa visão, não faz sentido termos
dois CT's. O futebol trabalhará integrado e trocando informações 100% do
tempo. Busca de valores, técnicas de trabalho, forma de atuar,
preparação de goleiros, análise de arbitragens, tudo será compartilhado e
desta forma de trabalho, surgirá um futebol muito mais forte e
vencedor. Nosso vice-presidente de futebol será o Grande Benemérito
Antônio Carlos Azeredo, neto do maior Presidente da história do
Botafogo, Paulo Azeredo, empresário de sucesso e com relevantes serviços
prestados ao clube.
A categoria de base terá uma atenção especial?
Maurício Assumpção: A base recebeu atenção especial
desde o início, em 2009. Fizemos melhorias importantes na estrutura de
Marechal Hermes e isso já rendeu resultados, como o título estadual dos
juniores este ano. Voltamos a revelar jogadores para o profissional,
como o Lucas Zen e o Cidinho, que inclusive representaram o país no
Pan-Americano. Agora, com a cessão definitiva do terreno concedida
graças ao apoio do Governo, vamos realizar o sonho de construir o mais
moderno CT de futebol de base do país e recuperar definitivamente a
tradição de formar grandes jogadores em casa.
Carlos Eduardo Pereira: Ela será prioritária e
diretamente beneficiada com a construção do nosso centro de treinamento
próprio, em terreno comprado pelo clube, com aproximadamente 100.000 m²,
para construção de dez a 12 campos, na Zona Oeste ou na Baixada, onde
assumiremos um compromisso de investimento e desenvolvimento contínuo e
permanente, para dar as melhores condições para nossos atletas. As
categorias de base passarão a trabalhar integradas, através do novo
modelo de centralização do planejamento e da gestão de todo o
departamento. Montaremos também uma equipe de observadores técnicos para
busca de novos valores no futsal e nas diversas categorias de campo, já
a partir do pré-mirim, revivendo os tempos da famosa "Escolinha do
Neca", de saudosa memória e que tantos craques nos deu. Só assim,
teremos como encerrar um ciclo de muitos anos e promessas vazias, que
deixaram o nosso clube em flagrante desvantagem no mercado.
Porque você acha que deve ser eleito?
Maurício Assumpção: Recebo muitas manifestações de
apoio da torcida, entre eles muitos associados que acompanharam o
crescimento e fortalecimento do clube nesse triênio e sabem que essa
diretoria é capaz de fazer mais, o caminho é esse.
Carlos Eduardo Pereira: Eu diria que, sem dúvida
alguma, tenho vivência, um histórico de realizações, experiência
profissional para não decepcionar nossos sócios e conto com um
competente grupo de novos valores botafoguenses. Somos a melhor opção
para o Botafogo, porque, vamos marcar um reencontro do Botafogo com sua
história e suas melhores tradições. Vamos gerenciar o clube com
competência e transparência, fortalecendo o convívio social na sede de
General Severiano, onde inclusive conheci minha mulher, e montando uma
excelente estrutura que permita a nossa equipe de futebol ser forte e
competitiva em todos os momentos. A escolha do meu nome para encabeçar a
Chapa Preta e Branca, "Mais Botafogo", decorre da consolidação de um
longo tempo de dedicação ao Botafogo, onde participei ativamente de
momentos importantes, como a conquista da Copa Conmebol (onde era vice
administrativo), do Campeonato Brasileiro de 1995 (onde era vice geral) e
das negociações com a Cia. Vale do Rio Doce que permitiram nosso
retorno a General Severiano (onde fui o autor da proposta que criou a
comissão especial). Certamente esta não será mais uma administração
personalista, mas baseada no trabalho em equipe e com a participação de
todos os setores do clube. Essa será a nossa marca principal.
Bernardo Gentile
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