Quase 25% dos jogos do Estadual até o momento deram prejuízo aos clubes. Renda sequer cobre as despesas das equipes; Guarani foi o mais prejudicado 

Em 98 jogos realizados até a décima rodada do Paulistão, 24, ou 24,4% deles, apresentaram déficit no boletim financeiro, publicados no site oficial da FPF. Todos foram confrontos entre equipes do interior. Ao todo, oito clubes tiveram prejuízos nas partidas, liderados pelo Mogi Mirim, com quase R$ 40 mil.

O Guarani teve o maior prejuízo em um jogo, na sexta rodada, contra o São Caetano. Apenas 517 torcedores compareceram ao Brinco de Ouro, com renda de R$ 5.801,00. As despesas foram de R$ 28.819,52, resultando em um déficit de R$ 22.418,52.

O Bugre já registra R$ 33.337,34 em prejuízos em três de seus cinco jogos em casa até agora. Obteve lucro apenas nos contra São Bernardo, São Paulo e no clássico contra a Ponte Preta. No entanto, o público presente foi só de 7 mil torcedores.

Sem renda nas bilheterias, o presidente do Guarani, Alvaro Negrão, disse também não ter as cotas da Federação, que foram adiantadas pelo antigo mandatário, Marcelo Mingone, que renunciou ao cargo no fim do ano passado.

– O Guarani está fazendo milagre. No momento estamos contando com a ajuda de empresários bugrinos, nossos amigos, para pagar as despesas – declarou Negrão.

O clube de Campinas passa por uma reformulação no programa de sócio-torcedores, que atualmente conta com 2 mil pessoas. O vice-presidente comercial do clube, Eric Keller de Camargo, creditou os baixos públicos à má campanha no Paulistão, mas conta com as melhorias na estrutura para alcançar a meta estipulada: 10 mil sócios.

Bragantino, Oeste e São Caetano foram outros clubes que precisaram desembolsar dinheiro em seus jogos como mandante. Mirassol, Penapolense e Paulista também contabilizam prejuízos, mas que não passam de R$ 5 mil.

 Clubes têm despesas diversas destoantes

Alguns borderôs de jogos do Paulistão chamam a atenção pelos altos custos de despesas diversas, que não são especificadas.

A Federação Paulista, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não participa ou fiscaliza a confecção dos documentos financeiros dos clubes.

Nos jogos do Mogi Mirim as despesas diversas são maiores que as de jogos do mesmo porte.

Diante do Bragantino, por exemplo, o Sapão arrecadou R$ 29.440, e teve R$ 36.499 de gastos. Deste valor, declarou R$ 23.020 de despesas diversas. Em contrapartida, jogando com o Linense, no Morumbi, o São Paulo teve declarou apenas R$ 50 no mesmo item.

Procurado para comentar e explicar os fatos, o diretor financeiro do Mogi não foi encontrado.

A exemplo do Sapo, o XV de Piracicaba também declara altas quantias de despesas diversas em jogos pequenos, como no jogo contra o Mirassol: o boletim registra R$ 33.035 apenas neste item.

Além disso, o clube ainda teve que desembolsar mais R$ 16.448 para cobrir outros custos.

Boletim financeiro

Borderô
Documento da FPF que traz a relação de receitas e despesas dos jogos.

Receitas
A quantidade de ingressos vendidos e a arrecadação proporcionada.

Despesas
Os gastos do clube: porcentagem de INSS, antidoping, arrecadador, delegados, fiscalização, fundo de manutenção, ingressos, policiamento e despesas diversas.