ELEIÇÕES 2012:Bispos do Piauí rejeitam candidatura de padres e criticam "vícios e distorções do mundo político".
Os bispos do Piauí reafirmaram em
carta ao público que são contra a candidatura de sacerdotes a cargos
políticos no Estado. O documento cita o discurso do Papa Bento XVI que
diz que "os padres devem permanecer afastados de um engajamento pessoal
na política, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os
fiéis e assim poderem ser uma referência para todos".
Até o momento, no Piauí há apenas um
pré-candidato padre. Trata-se do padre Walmir, que concorrerá às
aleições no município de Picos (306 km de Teresina) pelo Partido dos
Trabalhadores. Em um encontro do partido, ele disse que já esperava a
posição da igreja e justificou sua candidatura afirmando que "a situação
de Picos é de emergência".
O
documento enviado pelos bispos defende que "o vasto e complexo mundo da
política, da realidade social e da economia, é campo próprio dos
leigos” e critica várias vezes a corrupção, a desobediência às leis, os
vícios e distorções do campo político. "Nossa prática tem demonstrado,
infelizmente, vícios e distorções que obscurecem o brilho de setor tão
fundamental para nossas vidas".
A
carta externa rejeição a candidatos que defendem o aborto e a
eutanásia, assim como aqueles que não possuem ficha limpa. "somos parte
de uma sociedade cuja maioria valoriza a família e a vida".
Veja a carta na íntegra:
Os
Bispos do Piauí, membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -
Regional Nordeste IV, na qualidade de pastores de suas comunidades,
desejam iluminar o cenário das próximas eleições municipais oferecendo
pensamentos e reflexões que possam contribuir para o aprimoramento do
processo eleitoral.
Reafirmamos
nossa convicção no valor e importância da atividade política como
serviço ao nosso povo, amparados sobretudo no testemunho de Jesus
Cristo: “O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para
servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt
20,28).
No
exercício da atividade política, justifica-se a organização partidária
que se reveste de princípios e visa alcançar o poder para transformá-lo
em serviço eficaz ao povo. Nossa prática tem demonstrado, infelizmente,
vícios e distorções que obscurecem o brilho de setor tão fundamental
para nossas vidas.
Níveis
altos de desobediência às leis, como compra de votos, conchavos
interesseiros, uso de dinheiro público em campanhas eleitorais, levaram a
sociedade a se movimentar pela aprovação da Lei da “Ficha Limpa”,
recentemente aprovada pelo Supremo
Tribunal
Federal. Nada mais justo, pois, do que batalhar por uma eleição limpa,
confiável e que devolva esperança ao povo. E apostamos na possibilidade
de termos militantes políticos com ficha limpa. Ao contrário, com o
povo, sobretudo os pobres, desaprovamos os corruptos e aproveitadores.
Recomendamos vivamente à sociedade
organizada a implantação de Comitês contra a corrupção eleitoral, de
acordo com a Lei 9840/99, como contribuição para uma eleição
transparente e limpa.
Preservando
nossa identidade católica, queremos externar nossa rejeição a
candidatos que não primam pelo bem comum, não defendem o direito e a
justiça, não promovem nem defendem a vida, e ainda, aprovam o aborto e a
eutanásia, em frontal
desrespeito
aos valores humanos e cristãos. O bom político estará sempre em
sintonia com o povo que representa. Além disso, somos parte de uma
sociedade cuja maioria valoriza a família e a vida.
Por
fim, reafirmamos nossa confiança e concitamos mesmo os leigos a ocupar
seu lugar numa autêntica militância que nos leve a “novos tempos” (Cf.
DAp 505-507). “O vasto e complexo mundo da política, da realidade social
e da economia, é campo próprio dos leigos”( EN 70). “Os sacerdotes
devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na política, a fim
de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem
ser uma referência para todos”( Bento XVI, Visita ad limina 2009).
Reiteramos o nosso pronunciamento publicado referente as eleições de
2008.
Acompanharemos a todos com nossas orações, como cidadãos e Pastores.
Fonte: Jordana Cury
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