Neymar talvez precisasse de um brilho extra para realçar seu penteado
para lá de moderno. O torcedor pensou o mesmo e quis fazer algumas luzes
no cabelo do atacante santista, mas errou a pontaria
As canetas lasers iluminam os estádios de futebol, viraram brinquedos
do torcedor e servem como arma para atrapalhar o adversário. Apesar de
cada vez mais constantes, podem estar com os dias contados. Um projeto
de lei apresentado na Câmara dos Deputados propõe que o uso do feixe de
luz seja proibido nos eventos esportivos e vire crime com punição de até
dois anos de prisão.
Os lasers podem causar danos graves à visão, mas a principal
preocupação do deputado Carlaile Pedrosa (PSDB-MG), autor do projeto, é
com a imagem do país na Copa do Mundo de 2014. Na visão do político, é
preciso acabar com a brincadeira, que ele chama de ‘algazarra’.
“Estamos na véspera de uma Copa. O Brasil não pode passar por um vexame
como esse. Queremos impedir essas pessoas de fazer algazarra. Queremos
um espetáculo digno e acabar com essa palhaçada que é atrapalhar o
adversário”, disse, ao UOL Esporte.
A intenção é que o uso do laser seja inscrito no artigo 41-B do
Estatuto do Torcedor e tenha pena que varie de um a dois anos de prisão,
além de multa. A punição é a mesma nos casos de atos violentos e
depende da interpretação do juiz. O projeto ainda aguarda despacho do
presidente da Câmara dos Deputados.
Pedrosa alega que também está preocupado com os protagonistas do
espetáculo, já que a brincadeira pode ser prejudicial à saúde. De acordo
com o oftalmologista do Instituto de Moléstias Oculares (IMO), Eduardo
de Lucca, o uso contínuo do laser pode causar lesões graves à retina,
mesmo que nenhum caso desse tipo tenha sido detectado no esporte.
O médico explica que a incisão do feixe de luz por tempo prolongado
pode causar a queimadura dos tecidos. Mas como os atletas estão em
constante movimentação, a chance de acontecer é muito pequena.
“O laser é um feixe de luz de alta energia que pode até cegar. Mas ele
precisa ficar fixado por muito tempo nos olhos. O esporte é muito
dinâmico e o raio se dispersa com a distância. Mas é possível ofuscar a
visão e atrapalhar o jogador”, afirmou.
“Isso tem acontecido muito na aviação. O feixe entra na cabine e
prejudica a visão dos pilotos, em um momento muito delicado que é nos
pousos e decolagens. É muito perigoso. Por isso virou grande motivo de
preocupação nos aeroportos”, contou.
Por: Luiza Oliveira
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